O PET MEDICINA e o PET COMUNIDADES INDÍGENAS, há um ano, vêm desenvolvendo uma série de atividades, através de capacitações e palestras, voltadas à população indígena. Esta parceria culminou, na realização de três oficinas - Acesso a Universidade, Sexualidade e Doenças crônicas - no período de 21 a 24 de fevereiro, na aldeia Tupinambá, na Serra do Padeiro, sul da Bahia.
O conceito pleno de extensão pressupõe a troca entre a universidade e a comunidade. Nessa perspectiva, os relatos dos Petianos que participaram das oficinas traduzem a riqueza da experiência. "Temos a impressão de que o que conseguimos levar esteve muito aquém do que trazemos na bagagem. Essa viagem torna cada vez mais clara a necessidade de uma reinvenção das relações entre os saberes institucionais e populares, não como dicotomias, mas como complementos: é o caso da Saúde Indígena, tema raramente discutido nos espaços da nossa faculdade".
"Eu pensava que a universidade tinha o conhecimento como o vento que faz um redemoinho com folhas, mas na verdade é uma parede, que não deixa o vento fazer redemoinho, e tudo fica preso", diz Célia, uma dos mais de cinquenta membros da comunidade indígena que participaram das atividades.
"Em determinado momento da oficina Acesso à Universidade, a genialidade metafórica de Célia, traduz o seu sentimento em relação às nossas ações e à forma como chegam ao seu destino. Expectativas superadas, preconceitos quebrados, conhecimentos milenares, mentalidade coletiva, conexão com o meio ambiente, e muito aprendizado são algumas das folhas que foram carregadas nesse redemoinho caótico cuja descrição é impossível, pois não se descreve uma vivência, apenas se vive."
Contribuição de Catharina Gomes e Walter Gabriel Cruz, acadêmicos de Medicina e membros do PET.