PPGSAT aprova mais um projeto para avaliar os impactos do derramamento de óleo na Costa Brasileira

 

Em seguida ao projeto contemplado no edital Entre Mares, o PPGSAT avança e aprova novo projeto voltado à questão ambiental. Desta vez, trata-se do “Estudo epidemiológico do impacto do derramamento de óleo bruto na costa da Bahia: saúde, ambiente e segurança alimentar” (processo 440784/2020-4), aprovado na chamada CNPq/MCTI 06/2020 – Pesquisa e Desenvolvimento para Enfrentamento de Derramamento de Óleo na Costa Brasileira – Programa Ciência no Mar. O projeto é coordenado pela professora Dra. Rita de Cássia Franco Rêgo do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, integrante do INCT AmbTropic II, no GT 4 – Derrame de Óleo. A esse edital concorreram 141 projetos e apenas sete foram aprovados, sendo dois da UFBA.    

Sob a coordenação do PPGSAT, assinam esse projeto 22 pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação, departamentos e institutos da UFBA. Além da FMB, participam o IBIO, IGEO, Engenharia Ambiental, Departamento de Estatística, Instituto de Ciências da Saúde, em parceria com pesquisadores de outras universidades nacionais (UFRJ, UFRPE e IFSC) e internacionais University of North Carolina (Chapel Hill, EUA) e  Universitat de Barcelona (Espanha). Por incentivo do Reitor João Carlos Salles e da Pró-reitoria de Pesquisa da UFBA, essas parcerias vêm se consolidando desde 2019 em um grupo multi e interdisciplinar, e inclui pesquisadores da área da saúde (epidemiologia, saúde coletiva, medicina, planejamento em saúde, entre outras), ciências ambientais, ecologia, oceanografia, química, geoquímica, estatística, antropologia, microbiologia, entre outros.

O Programa de Pós Graduação Saúde, Ambiente e Trabalho - PPGSAT vem realizando pesquisas e ações de extensão sobre a saúde dos pescadores artesanais na Bahia e no Brasil desde 2007. Tais estudos resultaram em dezenas de publicações interdisciplinares nas esferas clínicas, epidemiológicas, ergonômicas, ciências sociais, da saúde ambiental, dentre outras. A aprovação deste projeto integra esse contexto de ampla experiência construída por meio de diálogo permanente com lideranças dos pescadores.

A Bahia foi o estado mais atingido, na extensão e volume de óleo coletado (IBAMA, 2020). Até 12 de fevereiro de 2020, do total de 159 ocorrências de fauna oleada, 67 (42%) foram na Bahia, e desses 42 (62,7%) foram encontrados mortos. Das 67 espécies da fauna afetadas na Bahia 25 (37%) eram aves; 34 (51%), tartarugas marinhas; e 8 (12%), outras espécies. As análises de realizadas de 29/01 a 12/02 de 2020 revelaram níveis elevados de nove HPA (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) para ostra, siri e caranguejo em algumas localidades (Bahia Pesca, 2020).

Milhares de pessoas trabalham e frequentam as praias atingidas, consomem pescados e mariscos produzidos nesse extenso litoral, demandando ações eficazes de saúde pública e de segurança alimentar e nutricional. As populações potencialmente expostas ao óleo bruto/petróleo são frequentadores das praias, manguezais e estuários para lazer, turismo e trabalho. São pescadores artesanais e marisqueiras, trabalhadores ambulantes, trabalhadores informais do beneficiamento e tratamento de pescados, funcionários da limpeza pública, de restaurantes e bares nas praias, turistas e banhistas em geral.

Diante desse cenário catastrófico do derramamento de óleo na costa brasileira em 2019, o projeto busca responder como o derramamento de óleo bruto impacta a saúde de comunidades afetadas, por meio da produção de tecnologias de saúde, em conjunto com as comunidades para o acompanhamento e cuidado da população exposta. Além disso, neste projeto serão conectados os dados fornecidos pelas pesquisas feitas pela equipe do INCT AmbTropic II sobre contaminação do pescado e do marisco, proporcionando uma visão ampliada da contaminação.

Seu objetivo geral é analisar os impactos do derramamento de óleo na saúde das comunidades afetadas no litoral do Estado da Bahia e construir ações em conjunto com essas comunidades, utilizando a Pesquisa Participativa Baseada na Comunidade (PPBC). Esta pressupõe o envolvimento equitativo de membros da comunidade, representantes organizacionais e pesquisadores em todas as etapas processo de pesquisa e intervenção.

Problemas ambientais apresentam interface com a saúde e o modo de vida de grupos populacionais específicos, necessitando de projetos de pesquisa articulados, com engajamento social para efetividade das propostas, essa dinâmica mantem a UFBA na vanguarda da pesquisa no país. 

 

Referências

BAHIA. Bahia Pesca. Parecer Técnico. Disponível em:http://www.bahiapesca.ba.gov.br/arquivos/file/parecertecnicolitoralnorte... em: 10fev2020.

Instituto Brasileiro Do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. (IBAMA). Monitoramento na gestão da emergência ambiental relacionada ao óleo que atingiu as praias do Nordeste. Localidades atingidas – mapas. Disponível em: http://ibama.gov.br/manchasdeoleo-localidades-atingidasAcesso em: 02 ago. 2020.